Sustentabilidade agrícola avança com inovação em manejo de solo e uso de resíduos

Eduardo Cavalcanti Cunha

Pesquisadora da Universidade Federal de Rondonópolis destaca que boas práticas podem reduzir dependência de insumos importados e ampliar a produtividade no campo

A sustentabilidade agrícola tem se tornado pauta central nas discussões sobre o futuro do agronegócio brasileiro. Segundo dados da FGV Agro, os custos com fertilizantes representaram até 32% da estrutura de produção da soja em 2023, em um cenário em que o Brasil depende de importações para cerca de 85% da demanda de adubos. Esse panorama pressiona agricultores a buscar alternativas que conciliem viabilidade econômica e preservação ambiental.

A doutora em Agricultura Tropical e pós-doutoranda da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), Alessana Franciele Schlichting, explica que a adoção de práticas sustentáveis vai além de uma escolha ambiental: é uma questão estratégica. “A sustentabilidade agrícola está diretamente ligada ao manejo eficiente do solo, à preservação dos recursos hídricos e ao uso de resíduos que, em vez de se tornarem passivos ambientais, passam a ser insumos produtivos”, afirma.

Pesquisas desenvolvidas em Universidades Federais de Mato Grosso e Mato Grosso, onde Schlichting atua desde a graduação, indicam que a aplicação de cinzas vegetais e resíduos orgânicos pode reduzir a acidez do solo, melhorar a disponibilidade de nutrientes e aumentar a produção de pastagens e grãos. Para a pesquisadora, o impacto ultrapassa o aspecto agronômico. “Quando conseguimos mostrar que o aproveitamento de resíduos melhora a produtividade e reduz custos, provamos que sustentabilidade não é apenas uma pauta ambiental, mas também econômica”, explica.

Outro eixo central, segundo Schlichting, é a conservação dos recursos naturais, já que práticas sustentáveis de manejo do solo diminuem a utilização de recursos naturais não renováveis evitando a degradação ambiental e garantindo as necessidades das gerações futuras. “O uso correto de tecnologias de manejo contribui para manter a fertilidade e a longevidade produtiva do solo, garantindo estabilidade a longo prazo para agricultores e comunidades”, afirma.

A pressão do mercado consumidor também acelera essa transformação. Dados da pesquisa da FGV e da consultoria McKinsey apontam que 62% dos brasileiros já consideram critérios de sustentabilidade na hora de escolher alimentos. Nesse contexto, a pesquisadora defende que o setor rural precisa se adaptar às novas exigências. “Os consumidores estão cada vez mais atentos à origem dos produtos, e isso reforça a importância de estratégias agrícolas que sejam produtivas, seguras e sustentáveis”, completa Schlichting.

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