Empresário cearense aposta em tecnologia para levar camarão sustentável ao mercado dos EUA

Eduardo Cavalcanti Cunha

Projeto prevê uso de sistemas de recirculação de água e rastreabilidade para atender consumidores exigentes

O empresário André Luís Penha de Sena, 40, nascido em Aracati (CE) e com mais de duas décadas de experiência na carcinicultura, prepara a expansão de seus negócios para os Estados Unidos com a instalação de uma unidade de produção baseada em sistemas de recirculação de água (RAS). O objetivo é atender à demanda americana por camarão premium, com garantia de rastreabilidade, biossegurança e práticas ambientais sustentáveis.

Mais de 90% do camarão consumido no mercado norte-americano é importado, em grande parte da Ásia, onde os sistemas produtivos são frequentemente questionados pelo uso de antibióticos e impactos ambientais. “É um mercado exigente, mas carente de produção local sustentável. Quem dominar essa tecnologia terá uma vantagem competitiva enorme”, afirma Sena, que já conduz projetos no Ceará e agora direciona esforços para conquistar consumidores internacionais.

O sistema RAS, que será a base da nova operação, utiliza tanques fechados com recirculação total da água. Essa tecnologia reduz drasticamente o consumo hídrico, elimina o risco de contaminação cruzada e permite maior controle sobre a qualidade do ambiente produtivo. O modelo também prevê o uso de sensores IoT para monitoramento em tempo real da água, automação da alimentação para reduzir desperdícios e inteligência de dados capaz de prever surtos de doenças.

Sena iniciou a trajetória no setor aos 14 anos, no distrito de Guajiru, em Fortim, e em 2014 fundou sua própria fazenda em Parajuru, município de Beberibe. Além da produção, é gerente administrativo da processadora JE Pescados e proprietário da Gelo Guajiru, empresa que fornece gelo para fazendas e embarcações de pesca. Filiado à Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) e à Associação dos Produtores de Camarão do Ceará (APCC), acompanha de perto os desafios e avanços do setor.

O Brasil vive uma curva de crescimento na produção. De acordo com dados da ABCC, a produção nacional saltou de 84,3 mil toneladas em 2013 para 180 mil toneladas em 2023. Segundo Sena, a sustentabilidade é hoje um diferencial indispensável. “Estamos diante de uma transformação sem volta. O consumidor quer saber de onde vem o produto, se é saudável e se respeita o meio ambiente”, diz.

O plano de internacionalização inclui certificações como BAP (Best Aquaculture Practices) e ASC (Aquaculture Stewardship Council), além do uso de energia renovável como fonte primária. Para o empresário, a inovação não se resume ao mercado norte-americano, mas pode ser um modelo replicável em outros países. “Não se trata apenas de vender camarão, mas de criar um modelo sustentável e economicamente viável que posicione o Brasil como referência em tecnologia aquícola”, conclui.

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