Condições são frequentemente confundidas, mas têm origens, sintomas e tratamentos diferentes; estimativas apontam alta subnotificação no Brasil
Embora compartilhem sintomas como inchaço e desconforto nos membros, o lipedema e o linfedema são doenças distintas que exigem diagnósticos precisos e acompanhamentos médicos específicos. O alerta é do cirurgião vascular Dr. Saymon Santana, diretor técnico da Clínica Vasculare, com atuação nas regiões de Imperatriz (MA) e sul do Pará. “Muitas pacientes chegam ao consultório sem saber que convivem com uma dessas condições há anos, o que dificulta o tratamento e prejudica a qualidade de vida”, afirma o médico, que também foi professor da Universidade Federal do Maranhão.
Segundo o especialista, o lipedema é caracterizado pelo acúmulo anormal de gordura nas pernas e quadris, sem acometer os pés, e está diretamente relacionado a fatores genéticos e alterações hormonais. É uma condição que afeta quase exclusivamente mulheres, com maior incidência durante a puberdade, gestação e menopausa. “O diagnóstico costuma ser tardio. Muitas vezes é confundido com obesidade ou retenção de líquidos, mas o lipedema tem sinais específicos, como dor, hematomas frequentes e sensibilidade aumentada”, explica Santana.
Já o linfedema resulta de uma falha no sistema linfático, responsável por drenar líquidos e resíduos do corpo. Quando esse sistema não funciona adequadamente, há acúmulo de linfa nos tecidos, gerando inchaço persistente que pode atingir braços, pernas e os pés. Pode ser congênito ou decorrente de cirurgias, infecções ou traumas. “No estágio avançado, o linfedema leva à fibrose, aumento de volume e endurecimento da pele, dificultando a mobilidade”, complementa.
Subnotificação e ausência de dados oficiais
Apesar da relevância, há escassez de dados nacionais sobre a prevalência das duas doenças. Estimativas internacionais citadas por entidades médicas indicam que até 11% das mulheres no mundo podem ter algum grau de lipedema — número que pode ser ainda maior devido à subnotificação. Em relação ao linfedema, levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 250 milhões de pessoas vivem com a condição globalmente, sendo uma parcela significativa nos países em desenvolvimento.
No Brasil, o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde não apresenta números consolidados sobre essas enfermidades, o que dificulta políticas públicas voltadas à prevenção e ao diagnóstico precoce.
Tratamentos e recomendações
O tratamento do lipedema envolve estratégias como fisioterapia, dieta equilibrada, exercícios físicos de baixo impacto e, em alguns casos, cirurgia. Já o linfedema pode ser controlado com drenagem linfática, uso de meias de compressão e acompanhamento clínico contínuo. Em ambos os casos, o diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações.
Dr. Saymon reforça que a automedicação e o uso de diuréticos sem prescrição podem agravar o quadro. “A abordagem deve ser multidisciplinar e personalizada, com foco na melhoria da qualidade de vida e na redução da progressão da doença”, destaca.
A orientação médica é essencial diante de sintomas persistentes como dor, inchaço e sensação de peso nos membros. “Buscar avaliação especializada ao primeiro sinal é o passo mais importante para garantir um tratamento eficaz”, conclui o cirurgião vascular.
Dr. Saymon Santana possui graduação em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2012). É cirurgião geral formado pelo Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA) e cirurgião vascular pelo Sistema Único de Saúde (SUS São Paulo), com residência no Hospital Regional de Presidente Prudente. Tem formação complementar em Doppler vascular pela FETESDA. Atuou como médico cooperado da Unimed Imperatriz.
Atualmente, integra a equipe de Cirurgia Geral e Cirurgia Vascular do Hospital Municipal de Imperatriz (HMI) e atua como cirurgião vascular assistente nas unidades da Clínica de Nefrologia de Açailândia, Marabá e São Francisco em Ulianópolis. É sócio-proprietário e diretor técnico da Clínica Vasculare. Para mais informações, acesse https://www.instagram.com/vasculareitz/